Como reconhecer uma demência no início?
Quem convive com pessoa idosa regularmente percebe pequenas alterações no comportamento, algumas estranhezas e bizarrices como esquecimentos de onde colocou algum objeto, repetições de histórias e momentos vividos e modo estranho de agir ficando agitado, meio perdido no tempo e no espaço por exemplo. No início há desculpas como não estava prestando atenção ou o estresse está alto, e vai levando sem dar muita importância até que com a continuidade começa a chamar atenção.
A perda de funções cognitivas é uma condição de difícil manejo e convivência. Com o envelhecimento da população, muitas famílias estão com alguma pessoa próxima apresentando um quadro de “comportamento estranho” e ao demorar a procurar ajuda médica pode acontecer um avanço rápido da doença.
O que é demência?
Demência não é uma doença específica. É um termo abrangente para caracterizar algumas condições ligadas ao cérebro que apresentem sintomas de disfunção de pelo menos duas funções – memória e discernimento.
Existem diversos tipos de demências: doença de Alzheimer (a mais comum), demência Vascular, doença de Parkinson, demência de Corpos de Lewy, demência Frontotemporal, doença de Huntington, demência provocada pelo álcool (Síndrome de Korsakoff), e a doença de Creutzfeldt-Jacob.
Algumas características
A demência se caracteriza por perda progressiva das funções cognitivas como atenção, memória, dificuldades de aprendizado e de planejamento, desorientação no tempo e no espaço (não sabe o dia nem onde está), dificuldades na linguagem (nomeação: quando as palavras “fogem” da memória), dentre outras.
As demências têm características semelhantes entre si. Podem ocorrer por diversos fatores como falta de oxigenação no cérebro e perda de neurônios ligada a acúmulo de proteínas, por exemplo. Esse acúmulo de proteínas pode afetar diversas áreas do cérebro prejudicando memória e habilidades motoras por exemplo.
Existem alguns problemas de saúde em idosos que podem caracterizar uma demência como falta de vitamina B12, infecção urinária e hipotireoidismo. Somente o médico – geriatra ou neurologista preferencialmente, é capacitado para atestar uma doença e prescrever possíveis tratamentos.
Cuidados com pessoas doentes
As famílias geralmente cuidam de seus parentes idosos porém nem sempre com o cuidado e paciência que a função requer. O cuidador familiar de um idoso arca com uma sobrecarga emocional que pode trazer consequências físicas e emocionais. Nesse caso um psicólogo gerontólogo pode ajudar o cuidador familiar a lidar com as próprias emoções e com ideias para a rotina desse tipo de cuidado.
Há os cuidadores profissionais de idosos, pessoas que têm qualificação profissional para tal. Eles cuidam da higiene, da alimentação, dos remédios, zelam pelo bem estar do idoso além de observar e reconhecer possíveis problemas de saúde. Requisitos como paciência, responsabilidade, sensibilidade, organização, dinamismo, delicadeza e simpatia são fundamentais para essa profissão. Com o envelhecimento da população é uma das profissões que mais crescem atualmente.
Como prevenir?
Usar o cérebro e o corpo diariamente com exercícios de raciocínio e lógica e exercícios físicos que melhor se encaixem às suas possibilidades são formas de prevenção, não importa a idade. Outras sugestões fáceis de serem encontradas: leitura, palavras cruzadas, caça palavras, jogo da memória, sudoku, quebra-cabeças, jogo de cartas, damas, etc. Existem aplicativos que proporcionam exercícios mentais em diversos níveis. Atividades em grupo como dança de salão também são ótimos para a mente e para o corpo!
Intervenções não farmacológicas para a manutenção da cognição estão sendo vistas como uma forma de ajudar o cérebro a fazer conexões e manter-se saudável o maior tempo possível. Já é sabido que o córtex pré-frontal é ativado pelo treino cerebral. Em tempo: córtex pré-frontal é a parte do cérebro que tem muitos papéis nas funções cognitivas superiores como memória, atenção, raciocínio e tomada de decisões. Então, mantenha seu córtex pré-frontal ativado!
E a alimentação! Estudos recentes relacionam pessoas que seguiam uma dieta mediterrânea com uma que baixasse a pressão do sangue tinham 52% menos probabilidade de desenvolver o Alzheimer, ou seja, uma dieta com muitas verduras (folhas), grãos integrais, peixe, nozes e pouca carne vermelha, queijo, frituras, doces e massas.
Existem outros alimentos que devem ser ingeridos por fazerem bem à saúde, como alho, azeite de oliva, mel e canela. Este último está sendo estudado por conta de um estudo que administrou extrato de canela em ratos com Alzheimer e estes tiveram encolhimento das placas e melhora da cognição. (Fonte: Em busca da memória, Jebeli, Joseph, Ed. Crítica, pag. 137-139, 2018).
E como a psicologia pode atuar?
O psicólogo com especialização em neuropsicologia pode ajudar o idoso mesmo se já estiver com comprometimento da cognição por intermédio de exercícios de estimulação cognitiva. Também atua junto ao cuidador familiar para minimizar a alta sobrecarga emocional de conviver e cuidar de uma pessoa demenciada. Um cuidador de idosos que não se cuida, física e mentalmente, poderá desenvolver doenças que o incapacitará para esse cuidado.
O psicólogo pode ajudar no reconhecimento e aceitação de pensamentos e padrões improdutivos bem como na alteração da rotina e hábitos visando o bem estar do cuidador e da família.
Em caso de sentir que está difícil ou mesmo que não está dando conta do recado procure ajuda!