Habilidades Cognitivas

Cognição e Funções Executivas

Cognição é a capacidade de assimilar informações e estímulos que são gerados pelos sentidos da visão, olfato, tato, paladar e audição e que estão ao nosso redor; processar essas informações e assimila-las de formas que sejam transformadas em conhecimento do mundo, de como se colocar no mundo com autonomia e independência, além de ter capacidade de escolhas, de resolução de problemas, de raciocinar, enfim, de se situar na vida.

A palavra cognição vem do latim cognitio e cognitum que significam “conhecer”. Daí, habilidades cognitivas estão relacionadas a conhecimento adquirido.

Ter boa capacidade cognitiva implica em saber atuar nas diversas situações que se apresentam no dia a dia. Saber planejar, se expressar, refletir, perceber diferentes situações, prestar atenção, ter responsabilidades, etc.

A cognição é formada no nascimento e segue evoluindo, ressaltando que o cérebro só acaba de se formar na adolescência, desenvolvendo-se de trás pra frente, sendo o córtex pré-frontal o último a ficar maduro. É considerado o centro executivo do cérebro. Quando o córtex pré-frontal é lesado, há perdas como o senso de responsabilidades sociais, capacidade de concentração e de abstração. Há casos que mesmo com algumas funções cognitivas intactas como a linguagem, o indivíduo não consegue resolver problemas bem elementares.

Nosso cérebro tem uma divisão anatômica, formando lobos (lê-se lóbos). Lobos occipital, temporal, parietal e frontal. Cada um tem uma função principal, mas atuam em conjunto em todas as suas funções, por intermédio das conexões neuronais. E, além dos lobos há também uma área muito importante, o hipocampo, responsável pelas formações, organização e armazenamento de novas memórias e também faz conexão de sensações e emoções com memórias.

A amigdala, em conexão com o hipocampo, é responsável pelo o controle das atividades emocionais como amizade, amor e afeição, bem como atua no humor, no medo, na ansiedade e na agressividade. Também tem importância na auto preservação, identificando perigos, gerando medo e ansiedade num estado de alerta, preparando o organismo para lutar ou fugir.

O hipocampo é importante na formação de novas memórias e está associado ao aprendizado e às emoções. Participa no processo de evocação (recordação) de memórias tristes ou alegres assim como da consolidação delas, ou seja, quando elas passam para o “setor” de memórias de longo prazo.

Os estímulos cognitivos introduzidos ao longo da vida (como por exemplo: pensar, estudar, aprender) servem para o desenvolvimento das conexões cognitivas bem como para formar uma reserva cognitiva.

Reserva cognitiva é formada por aprendizado e experiências. Quanto mais instrução e experiências variadas maior a reserva cognitiva, que poderá ser muito útil na idade avançada, quando o corpo e a mente já estarão cansados e o declínio cognitivo começa a surgir. Quanto maior a reserva cognitiva menor as chances de desenvolver demências e outros problemas de “cabeça”.

Cérebros e mentes não nascem prontos, são construídos desde a infância em conjunto com as autorregulações e funções executivas da criança e são determinantes para o futuro desse indivíduo pois durante o crescimento as demandas vão se diferenciando como estar com outras pessoas, agir socialmente, trabalhar, estudar ou se relacionar com outros. Por exemplo: não basta saber o que são ferramentas, mas o que fazer com elas e assim desenvolver tarefas a partir delas.

O que são funções executivas e para que servem?

Funções executivas são habilidades cognitivas que controlam pensamentos, emoções e ações. Têm papel fundamental no desenvolvimento afetivo e intelectual desde a infância até a idade adulta.

Formam um conjunto de habilidades necessárias para o controle de nossa saúde mental e vida funcional. Elas permitem a regulação de pensamentos, emoções e ações diante de fatos vivenciados. Segundo a definição de Muriel D. Lesak, em 1982, “é a dimensão do comportamento humano que lida com a forma como o comportamento é expresso”. Ainda de acordo com o autor, “o comprometimento ou a perda dessas funções comprometeria a capacidade de uma pessoa de manter uma vida independente, construtiva e produtiva, independetemente de quão bem ela possa ver, ouvir, andar, falar e realizar tarefas.”

Não agem sozinhas numa única área do cérebro. Estão interligadas a várias áreas propiciando a realização de uma série de atividades. Seu bom desenvolvimento está intimamente ligado a uma vida regular e tranquila.

O processo de aprendizagem é de suma relevância no desenvolvimento das funções executivas, seja na idade escolar ou na vida adulta, de maneira a propiciar estímulos necessários para relacionamentos e trabalho. Mesmo adulto é excelente continuar o aprendizado, seja de uma língua estrangeira, de uma especialização na área que trabalha ou de alguma prática manual para desestressar. Esses estímulos para o cérebro não devem cessar!

Algumas das funções executivas mais importantes são: memória de trabalho, controle inibitório, planejamento, flexibilidade cognitiva e tomada de decisões.

A memória de trabalho permite armazenar, relacionar e pensar informações em curto prazo. O controle inibitório é a capacidade de inibir comportamentos, impulsos e tentações, ou seja, pensar antes de agir. Planejamento é capacidade para organizar planos de forma eficaz, com vistas a realização de tarefas com mais facilidade e adaptabilidade. Flexibilidade cognitiva é a capacidade de alternar entre tarefas, adaptar-se a novos ambientes e está diretamente ligada à criatividade. Tomada de decisões permite a escolha de uma entre várias possibilidades em situações com algum nível de incerteza.

O comprometimento de alguma função executiva pode provocar dificuldades na assimilação de novos aprendizados e alterando comportamentos sociais, comprometendo o desenvolvimento cognitivo e social.

Importantes estudos revelam o impacto da saúde mental no desempenho das funções executivas, impactando consideravelmente o ambiente de trabalho visto que interferem nas relações interpessoais, no modo como cada indivíduo se comporta em função do feedback do outro. Quanto melhor for a regulação das funções executivas melhor o desempenho e a capacidade para o trabalho.

Funções executivas e a psicologia

As funções executivas propiciam adaptações ao ambiente, pensar no futuro, resistir a tentações, manter o foco e encarar desafios. São um aspecto da condição humana que afetam o comportamento, as emoções e refletem nos ambientes social e de trabalho.

São de fundamental importância quando é necessário mudar o foco, alterar estratégias, ajustar comportamentos de maneira a atender a alguma demanda do ambiente. São responsáveis por regular o comportamento em situações incomuns, quando há necessidade de pensar e agir para solucionar problemas. São processos que atuam no processamento de estímulos externos, no traçado de metas e estratégias.

Sendo a Psicologia a área que estuda o comportamento e as questões que dizem respeito a vida humana, é quem trata e estuda para compreender os sentimentos, as emoções, os impactos que um comportamento pode trazer às relações sociais, de trabalho, familiar, conjugal, etc.

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