Ansiedade e estresse estão intimamente ligados e há quem diga que cientificamente são a mesma coisa. No início da nossa espécie o mecanismo da Ansiedade (e Estresse) foi destinado à sobrevivência diante dos perigos concretos e próprios da luta pela vida. Era o caso, por exemplo, das ameaças de animais ferozes, das guerras tribais, das catástrofes do tempo, da busca pelo alimento, da luta pelo espaço geográfico, etc.
Houve um desenvolvimento considerável em nossa vida prática, mas o nosso corpo biológico não evoluiu tanto assim ao ponto de aguentar tantos desafios (ameaças) como competitividade, segurança, competência profissional, sobrevivência econômica, pensar no futuro etc.
Em nossos ancestrais o coração palpitava, a respiração aumentava o ritmo e a pele ficava molhada diante da ameaça de um animal feroz ou numa invasão de uma tribo inimiga. Atualmente, nosso coração bate mais forte diante do desemprego, dos preços altos, das dificuldades para criação dos filhos, na perda de um amor, das perspectivas do futuro, dos compromissos econômicos e assim por diante, obrigando nosso corpo a produzir adrenalina em grandes quantidades e em períodos cada vez maiores.
Ansiedade
Ansiedade também é um mecanismo normal do nosso organismo, é fisiológico e prepara nosso corpo para adaptações do cotidiano e que podem chegar a atingir um grau máximo de eficiência na capacidade adaptativa. A partir desse ponto máximo de adaptação a ansiedade, ao invés de ajudar, promoverá exatamente o contrário, ou seja, poderá resultar na falência da capacidade adaptativa levando o corpo ao esgotamento e comprometimento do seu funcionamento em diversas áreas.
Pessoas ansiosas antecipam os acontecimentos. No domingo estão pensando em como será a segunda-feira ou ao dormir pensam no dia seguinte e tudo que têm de fazer. Quando em férias, no início tudo bem, mas ao se aproximar do final já começam os pensamentos de como será a volta ao trabalho e no colégio de como será a turma e os professores. É comum o sentimento de que tem que dar conta de tudo o que faz com que o organismo fique em estado de alerta constante e de prontidão a espera de novas situações.
Todos temos momentos de ansiedade como falar em público, apresentar um trabalho na escola, a proximidade de datas marcantes, entrevistas de emprego ou mesmo conhecer uma pessoa nova, e pode se apresentar com sintomas físicos (suor excessivo, respiração descontrolada, sensação de aperto no peito) e psicológicos como problemas de concentração, irritabilidade, foco em eventos negativos, medo excessivo.
Pessoas ansiosas costumam apresentar esquemas de comportamento com padrões rígidos e inflexíveis, que provocam uma postura crítica em relação a si e aos outros além de altos níveis de cobrança e exigência. Geralmente são perfeccionistas e detalhistas.
Estresse
O estresse é um grande gatilho para despertar a ansiedade. Aparece quando o organismo é submetido a uma nova situação, como uma cirurgia ou uma infecção ou, do ponto de vista emocional, numa situação sentida como de ameaça. De qualquer forma, trata-se de um organismo submetido a uma situação nova (física ou psíquica), pela qual ele terá de lutar e adaptar-se. Do ponto de vista fisiológico, o estresse assim como ansiedade são uma atitude normal do organismo para adaptação às situações de perigo. Se não existisse esse alerta do corpo, provavelmente nossa espécie não teria sobrevivido.
O estresse foi descrito como Síndrome Geral Adaptativa, descrita por Hans Selye que o dividiu em três fases: Reação de Alarme, Fase de Resistência e Fase de Exaustão. Reação de Alarme, Fase de Resistência e Fase de Exaustão.
Fases do Estresse
O Estresse começa com a Reação de Alerta (1), onde ocorrem mudanças no organismo que têm como finalidade preparar o nosso corpo para a fuga ou para a luta. Durante essa Fase predomina a atuação de uma parte do Sistema Nervoso Autônomo (SNA) chamado de Sistema Simpático, que libera uma série de elementos químicos como a adrenalina e a noradrenalina para a corrente sanguínea. Alguns estudos mais recentes sugerem que a emoção da raiva, quando dirigida para fora, estava associada mais à secreção de noradrenalina. Entretanto, na depressão e na ansiedade, onde os sentimentos estão dirigidos mais para si próprio, a secreção de adrenalina predomina. Nesse momento o indivíduo pode apresentar boca seca, dor no estômago, tensão muscular, aumento dos batimentos cardíacos, agitação, entre outros sintomas.
A Fase de Resistência (2) aparece após a fase de alerta, e o corpo tenta voltar ao seu estado de equilíbrio. Nesse momento, o organismo pode conseguir eliminar o problema ou se adaptar ao fator estressor. Como sintomas dessa fase, pode acontecer um mal-estar generalizado, desgaste físico, alterações de apetite, emoção aflorada, irritabilidade, diminuição da libido e até problemas com a memória.
E a Fase de Quase Exaustão (3), esta ocorre como consequência de um fracasso na fase de resistência, havendo o comprometimento físico do indivíduo que pode apresentar insônia, hipertensão arterial, alteração nos batimentos cardíacos, tonturas frequentes, dificuldades sexuais, diarreias, alterações de humor, apatia, dificuldade para trabalhar, queda na produtividade, entre outros sintomas e doenças.
Fase de Exaustão (4), quando começam a surgir sintomas como “do nada” começar a suar, ter dificuldade para respirar ou uma dor no peito que leva a pensar num enfarto, dentre outros. Esses sintomas podem até levar a um ataque de pânico. Na verdade, ansiedade não aparece sozinha, mas associada a um ou mais sintomas como resposta ao medo.
Como a psicologia pode ajudar
A ansiedade quando não tratada pode comprometer a qualidade de vida, prejudicando a rotina diária e a convivência com pessoas próximas. É muito importante aprender a reconhecer as emoções e gatilhos que produzem ansiedade bem como aprender a lidar com seus sintomas e reduzi-los ou até mesmo acabar com eles.
A psicoterapia é um tratamento eficaz para investigar a origem dos problemas bem como a identificação e entendimento de emoções e pensamentos. O trabalho psicoterapêutico visa a elaboração com o desenvolvimento de técnicas para aprender a lidar com o estresse e a ansiedade e suas consequências. Além de identificar a fase do estresse em que a pessoa se encontra e evitar a fase 4, de exaustão.
Aprendendo a identificar e agenciar emoções e pensamentos, o indivíduo tem mais possibilidades de fazer escolhas assertivas e com mais segurança, além de estabelecer relações profissionais, sociais e afetivas de forma mais produtiva, evitando assim prejuízos e danos à saúde.
Bibliografia:
Ballone, Geraldo, ESTRESSE, ANSIEDADE E EGOTAMENTO, em https://cerebromente.org.br/n11/doencas/estresse.htm
Conceito Zen – https://www.conceitozen.com.br/entenda-o-estresse-e-suas-3-fases.html
Scabora, Mary, ANSIEDADE, em https://scabora.com.br/?s=ansiedade
