Podemos mudar o que somos?

A psicoterapia consegue realmente com que uma pessoa mude seu comportamento, seu jeito de ser?

Toda mudança requer vontade, requer desejo. É de dentro para fora. Se alguém sugerir algo você até pensa mas se não partir de sua vontade, não rola. Sem essa premissa o trabalho pode se tornar insustentável.

O que é personalidade?

Pode-se resumir num conjunto de traços psicológicos e características marcantes de uma pessoa que determinam sua individualidade pessoal e social, seus pensamentos, sentimentos e modos e agir e que nos torna diferente uns dos outros.

Outro sentido para personalidade é a representação que o indivíduo tem de si mesmo e como ele se apresenta ao mundo. Numa outra visão a personalidade é tal qual uma máscara, como nos teatros da Grécia antiga onde eram usadas para caracterizar mudanças de personagens e consequentemente de  personalidades pelo ator.

Pessoas com transtorno de personalidade têm necessidade terapêutica de mudanças. Padrões comportamentais trazem sofrimento e isolamento que podem ser traduzidos como angustia, ansiedade, insatisfação, perda de autocontrole, etc…. Mas quero deixar bem claro aqui que nem todas as alterações de personalidade e comportamento são devidas a transtornos mentais.

Existem momentos em que a alteração comportamental é compreendida, tornando-se motivo de preocupação quando vivida por tempo excessivo. Por exemplo, a vivência de um luto, de uma perda de emprego, de uma doença grave na família ou da convivência com fatores estressantes.

E comportamento?

Por definição, comportamento é uma expressão da personalidade. Uma expressão de si mesmo, uma manifestação da própria personalidade.

Já passou por algum momento em que disse: Ah…Como eu gostaria de ser diferente! Isso pode ocorrer porque em algum momento sua maneira de ser não foi aceita ou por você ou pela sociedade.

Existem correntes que dizem que personalidade é que nem altura, ou seja, quando chega numa certa idade não muda. Outras defendem que personalidade não tem uma estrutura fixa e que é possível mudar com a idade. Fato é que quanto mais cedo for identificado algum problema melhor é de ser tratado.

Questões relativas à personalidade e ao comportamento são difíceis de serem explicadas. É uma das principais metas da psicologia. Existem várias teorias mas uma bem aceita é a do “Big Five” ou dos “Cinco grandes fatores” onde vários estudiosos estudaram diversos traços de personalidade que resultaram num método empírico baseado em experimentos para identificar traços e estrutura de personalidade.

Eles partiram da ideia de que aspectos da personalidade humana estão baseados na linguagem que eu ou qualquer outra pessoa usam para definir alguém como organizado, implicante, nervoso…. Eles juntaram todos os adjetivos possíveis e chegaram a cinco fatores: neuroticismo,  extroversão,  abertura a experiências, conscienciosidade e simpatia, cada um com dezenas de traços psicológicos passíveis de medição por testes.

Neuroticismo é a tendência para experienciar emoções negativas como raiva, ansiedade e depressão. Também relacionado a estabilidade emocional e ao estresse.

A extroversão reúne as tendências à sociabilidade. São pessoas com tendência a procurar a companhia dos outros. São otimistas e afetuosos por natureza. Repletos de energia são voltados para a ação, ao entusiasmo, a excitação.

Abertura a experiências reflete o interesse pela emoção, artes, aventuras e ideias diferentes do comum. Pessoas com alto índice de abertura são curiosas e têm imaginação fértil. Gostam de experimentar várias áreas diferentes. Costumam prestar atenção aos próprios sentimentos e terem opiniões não padronizadas.

Conscienciosidade está representada pelo senso de responsabilidade e também de concentração. Indivíduos com alto índice de consciência mostram uma tendência a autodisciplina, a cumprir deveres buscando alcançar metas estabelecidas.

Simpatia é o fator que reflete diferenças individuais com preocupações com a harmonia social e a boa relação com os outros. Costumam assumir compromissos, serem amigáveis, respeitáveis, generosos e otimistas com a natureza humana.

Mas então, podemos ou não podemos mudar nosso comportamento?

Embora alguns indivíduos acreditem que na idade adulta não é possível mudanças, há momentos em que elas são necessárias. Quantas circunstâncias já nos forçaram a agirmos de um modo ou de outro em detrimento de nossa vontade? Requer um pouquinho de tempo e determinação mas é possível sim!

Conhecer as próprias reações e emoções e aprender com elas são fatores determinantes para uma conduta perante si e em sociedade e assim evitar futuros arrependimentos. Uma pessoa ansiosa pode aprender quais situações a deixam assim, da mesma forma que alguém tímido pode vir a falar em público. Com vontade, determinação e ajuda profissional esse objetivo fica alcançável.

3 Comments

  1. Ilma Albuquerque disse:

    Muito interessante o artigo acima.
    Como não é fácil, carece de acompanhamento profissional de uma terapia capaz e consciente para que haja a mudança espera
    da, quando for, de fato, necessária.
    A autora do artigo e indicada para este trabalho. Sou sua paciente, ha algum tempo,podendo testemunhar sua capacidade profissional, humanidade e simpatia.

  2. Inez Verlangieri Reis disse:

    Achei seu post super interessante. Ao mesmo tempo que reconheço ter neuroticismo, sou uma pessoa super simpática. Isso é possível?

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